terça-feira, março 26, 2002

Decidindo o presente

Às vezes penso que não faço juz ao meu salário aqui na Cemec. Ganho muito por fazer tão pouco.

Certo, certo. Minha função na empresa exige um especialista e a responsabilidade também é grande (principalmente agora que toco tudo sozinha). Mas o que percebo e que a própria empresa (leia-se, seus gerentes) não se importam muito, ou parecem não se importar com a área onde trabalho, com a função que exerço na empresa.

Sempre fui acostumada a seguir ordens. Alguém sempre diz o que é preciso ser feito, eu vou lá e faço. Sempre pensei que isso fosse a definição de "trabalho". Mas o fato é que hoje em dia, já que eu sou a chefe do setor, eu sou quem tem que dizer o que precisa ser feito. E agora estou me dando conta o quanto sou incompetente como chefe.

E mais incompetente é quem ainda me mantém aqui. E engraçado é que ainda consta no meu crachá "Assistente Técnica". Assistente de quê, de quem, oras? Sinto estar sendo uma mão de obra desperdiçada. Acho que ainda posso contribuir muito com meus conhecimentos, tanto sobre meu trabalho atual: Qualidade, como as coisas que aprendi na Escola Técnica: Eletricidade. Aí sim eu ia fazer juz ao salário que recebo.

Mas da forma como estou sendo deixada, a mercer de minhas próprias decisões, sem um "tutor" do lado me orientando, tudo fica mais difícil. O fato é que estou totalmente desmotivada, desestimulada com minha função dentro da empresa. Faço uma retrospectiva, volto a três anos atrás quando eu era uma estagiária curiosa... Aqueles olhos brilhantes por ter uma boa idéia. Infelizmente, isso não existe mais hoje em dia.

Não esqueci as coisas que aprendi. Mas o que me falta é tato ao lidar com as pessoas. Ter responsabilidade com o compromisso de minha função.

A manutenção do certificado ISO 9000 dessa empresa está nas minhas mãos. E eu ainda não me dei conta disso. Há dois meses me perguntaram se eu era capaz de cuidar disso. Eu respondi que não sabia responder, que ia tentar, mas que estava disposta. E nunca mais quiseram saber como eu estava, se as tentativas estavam dando certo...

E hoje eu percebo que na realidade não deu certo. Tenho menos de um mês para preparar tudo e em mim não há a mínima disposição para o trabalho. Mas o meu senso de responsabilidade não permite que eu peça para sair. Nem que eu chegue para a chefia e diga que as coisas não vão ser boas... A essa altura do campeonato, não sei nem o que fazer. Penso em esperar Abril chegar, a auditoria vai provar minha incompetência e serei inevitavelmente demitida.

Porém posso virar esse jogo. Tenho menos de um mês para fazer isso, mas 28 dias ainda pode ser muito tempo para tentar reverter a situação. Mas preciso de um plano antes. Não posso sair descontroladamente tentando resolver todos os problemas do mundo. Assim não vai funcionar...

Será que amanhã as coisas mudam por aqui? Quem viver verá!